Na
próxima segunda-feira, 1º/10, começará o Fórum Catarinense de Comitês
de Bacias Hidrográficas de Santa Catarina.
O encontro, que reunirá os 16
comitês do Estado, será no Centro de Treinamento da Epagri, em Campos
Novos. As inscrições já estão abertas pelo site http://www.aguas.sc.gov.br/ no
qual também estão disponíveis as informações sobre o evento.
A
Diretoria de Recursos Hídricos (DRHI), da Secretaria do Desenvolvimento
Econômico Sustentável (SDS) terá um espaço dentro da programação para
tratar dos assuntos referentes ao Programa SC Rural, do qual é uma das
instituições executoras pelo Governo do Estado.
Mais informações aqui:http://www.sds.sc.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1062&Itemid=152&lang=
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
Videoconferência debate educação ambiental nos municípios da Bahia
VIDEOCONFERÊNCIA
REABA
O que Prefeituráveis, gestores e sociedade tem a ver com isso ?
A Rede de Educação Ambiental da Bahia – REABA, cumprindo o seu papel de estimular discussões e reflexões sobre este campo, vai realizar uma videoconferência, na segunda-veira, dia 01/10, das 13:30h às 17h.
Objetivo: Promover a difusão da informação sobre os mecanismos para a
viabilização da educação ambiental nos municípios da Bahia e refletir/discutir
sobre responsabilidades individuais e coletivas para esta consecução.
O evento contará com a presença e
colaboração do Ministério Público, membros da Coordenação da Comissão
Interinstitucional de Educação Ambiental da Bahia, Secretaria Estadual do Meio
Ambiental -SEMA e Secretaria Estadual da Educação - SEC, bem como
representantes da UFBA e ONGs.
O público esperado
para o referido Encontro será constituído por gestores, candidatos, professores,
estudantes e comunidade em geral dos variados municípios do estado da Bahia.
A videoconferência será transmitida do auditório da Salvador e terá conexão com os municípios do Estado através das telessalas.
Cada telessala terá um mobilizador que será responsável por mobilizar e coordenar o referido publico para a videoconferência.
Programação:
Pergunta norteadora:
“Como fazer com que a EA aconteça no meu município?”
Abertura:
acolhimento e boas vindas do GE-REABA
1ª etapa da roda de conversa (Sala de Salvador)
EA e gestão municipal – Ministério Público-NUSF
Drª Luciana Khoury
EA academia e comunidades – Instituto de Educação-UFBA
Profª Drª Rosiléia Oliveira
Órgão Gestor da EA, Sistema Educacional e CIEA – Coordenação
da CIEA
Órgão Gestor da Política de EA no Estado da Bahia.
SEMA – Drª Zanna
Mattos
Estratégias de difusão da EA no Sistema Educacional
SEC – Sr. Fábio Barbosa
CIEA-BA e a sociedade civil
sociedade civil
Srª Bernadedth Rocha
1ª rodada de interação com as demais Salas de Transmissão
2ª etapa da roda de conversa (Sala de Salvador)
EA e os instrumentos balizadores – Gambá
Srª Lilite Cintra
EA articulação e participação – REABA
Sr. Breno Pessoa
2ª rodada de interação com as demais Salas de Transmissão
Considerações finais e encerramento (Sala de Salvador )
Em que horas? das
13h30min às 17h
Onde? Telessalas da Rede Educação do IAT – Instituto Anísio
Teixeira/SEC (lista anexa)
Inscrição no dia ou pelo link: videoconferência REABA
terça-feira, 25 de setembro de 2012
Pesquisadores anunciam a 'extinção inexorável' do Rio
São Francisco
Fonte: Agência O Globo - Por Cláudio Motta – em 25/09/2012
RIO - É equivalente
a dar oito voltas na Terra - ou a andar 344 mil quilômetros - a distância
percorrida por pesquisadores durante 212 expedições ao longo e no entorno do
Rio São Francisco, entre julho de 2008 e abril de 2012. O trabalho mapeia a
flora do entorno do Velho Chico enquanto ocorrem as obras de transposição de
suas águas, que deverão trazer profundas mudanças na paisagem. Mais do que
fazer relatórios exigidos pelos órgãos ambientais que licenciam a obra, o
professor José Alves Siqueira, da Universidade Federal do Vale do São Francisco
(Univasf), em Petrolina, Pernambuco, reuniu cem especialistas e publicou o
livro "Flora das caatingas do Rio São Francisco: história natural e
conservação" (Andrea Jakobsson Estúdio). A obra foi lançada em Recife este
mês.
Em 556 páginas e
quase três quilos de textos, mapas e muitas fotos, a publicação é o mais
completo retrato da Caatinga, único bioma exclusivo do Brasil e extremamente
ameaçado. O título do primeiro dos 13 capítulos, assinado por Siqueira, é um
alerta: "A extinção inexorável do Rio São Francisco".
- Mostro os
elementos de fauna e da flora que já foram perdidos. É como uma bicicleta sem
corrente, como anda? E se ela estiver sem pneu? E se na roda estiver faltando
um raio, e quando a quantidade de raios perdidos é tão grande que inviabiliza a
bicicleta? Não sobrou nada no Rio São Francisco. Sinceramente, não sei o que
vai acontecer comigo depois do livro, mas precisava dizer isso - desabafa o
professor da Univasf. - Queremos que o livro sirva como um marco teórico para
as próximas décadas. Vou provar daqui a dez anos o que está acontecendo.
Ao registrar o
estado atual do Rio São Francisco, o pesquisador estabelece pontos de
comparação para uma nova pesquisa, a ser feita no futuro, medindo os impactos
dos usos do rio. Além do desvio das águas, há intenso uso para o abastecimento
humano, agricultura, criação de animais, recreação, indústrias e muitos outros.
Desaguam no Velho Chico milhares de litros de esgoto sem qualquer tratamento.
Barramentos - sendo pelo menos cinco de grande porte em Três Marias,
Sobradinho, Itaparica, Paulo Afonso e Xingó - criam reservatórios para usinas
hidrelétricas. Elas produzem 15% da energia brasileira, mas têm grande impacto.
Alteraram o fluxo de peixes do rio e a qualidade das águas, acabaram com lagoas
temporárias e deixaram debaixo d'água cidades ou povoados inteiros, como
Remanso, Casa Nova, Sento Sé, Pilão Arcado e Sobradinho.
Com o fim da
piracema, uma vez que os peixes não conseguiam mais subir o rio para se
reproduzir, o declínio do número de cardumes e da variedade de espécies foi
intenso. Entre as mais afetadas, as chamadas espécies migradoras, entre elas
curimatá-pacu, curimatá-pioa, dourado, matrinxã, piau-verdadeiro, pirá e
surubim.
Não foram as
barragens as únicas culpadas pelo esgotamento de estoques pesqueiros do Velho
Chico. Programas de incentivo da pesca, que não levaram em consideração a
capacidade de recuperação dos cardumes, aceleraram a derrocada da atividade.
Espécies exóticas, introduzidas no rio com o objetivo de aumentar sua produtividade,
entre elas o bagre-africano, a carpa e o tucunaré, se tornaram verdadeiras
pragas, sem oferecer lucro aos pescadores.
A região do São
Francisco, que já foi considerado um dos rios mais abundantes em relação a
pescado no país, precisa lidar com a importação em larga escala de peixes,
sobretudo os amazônicos, para suprir o que não consegue mais fornecer. Uma das
espécies mais comercializadas na Praça do Peixe, a 700 metros do rio, é o
cachara (surubim) do Maranhão ou do Pará. Nos restaurantes instalados nas
margens do Rio São Francisco, o cardápio oferece tilápias cultivadas ou
tambaquis importados da Argentina.
A mudança provocada
pelo homem tanto nas águas do Velho Chico quanto na vegetação que o circunda
foi drástica e rápida. Tendo como base documentos históricos disponíveis, entre
eles ilustrações de expedições de naturalistas importantes, como as do alemão
Carl Friedrich Philipp von Martius, é possível ver a exuberância do passado. Um
desenho feito há 195 anos mostra os especialistas da época deslumbrados com
árvores de grande porte, lagoas temporárias, pássaros em abundância. Ou seja,
uma enorme biodiversidade, que hoje não existe mais.
Menos de dois
séculos depois, restam apenas 4% da vegetação das margens do Rio São Francisco.
Desprovidas de cobertura verde, elas sofrem mais com a erosão, que assoreia o
rio em ritmo acelerado. Os solos apresentam altos índices de salinização e os
açudes ficam com a água salobra. Aumentam as áreas de desertificação. O Velho
Chico está praticamente inviável como como hidrovia. Espécies foram extintas e
ecossistemas estão profundamente alterados.
Diante da
expectativa da "extinção inexorável do Rio São Francisco", o livro
ressalta a importância de gerar conhecimento científico. Não apenas os
pesquisadores precisam se debruçar mais sobre o bioma como também o senso comum
criado sobre a Caatinga a empobrece. Por isso o título do livro optou por
"Caatingas", no plural, chamando a atenção para sua enorme
diversidade.
- O processo que
levará ao fim do Rio São Francisco não começou hoje. Basta olhar a ilustração
para ver o que aconteceu em tão pouco tempo, menos de 200 anos. A imagem nos
mostra um bioma surpreendente: o tamanho das árvores, a diversidade de animais,
a exuberância - ressalta Siqueira. -Observamos que ocorre um efeito em cascata.
Tanto que, se algo não for feito agora, de forma veemente, o impacto do
aquecimento global na Caatinga, que é o local mais ameaçado pelas mudanças
climáticas, será dramático.
Exclusividade do
Brasil
Difundir o
conhecimento gerado durante as expedições é um dos principais legados da
publicação. Ainda mais porque trata-se de uma temática brasileiríssima.
Aproveitando o jargão ambientalista, que chama de endêmica a espécie que só
existe numa determinada região, José Alves Siqueira diz que a Caatinga e o Rio
São Francisco são dois endemismos brasileiros. O bioma só ocorre no Brasil,
assim como o Velho Chico, que é o único corpo hídrico de grande porte que nasce
e deságua em território nacional. Além disso, entre as 1.031 espécies coletadas
- a partir de 5.751 amostras -, 136 (13,2%) são restritas à Caatinga. Além
disso, 25 espécies cuja ocorrência não era conhecida no Nordeste foram
encontradas. Situação semelhante ocorreu com 164 plantas, nunca antes
observadas na Caatinga. Mas a cereja do bolo é uma nova espécie coletada por
pesquisadores, que ainda estão trabalhando com as informações obtidas em campo
para publicar, até o final do ano, a descrição da planta em uma revista
especializada.
- A espécie mais
próxima desta é do Charco, na Argentina e Paraguai. Isso mostra uma relação
entre Caatinga com aquele bioma, são ecossistemas incríveis - ressalta
Siqueira. - Este é um dos resultados fabulosos do trabalho, mostra mais uma vez
que a Caatinga não é pobre, homogênea nem o patinho feio dos biomas.
No último capítulo,
"A flora das Caatingas", assinado por 78 especialistas de 40
instituições, diversas universidades, entre elas UFRJ e USP, jardins botânicos,
Embrapa e até o Museu de História Natural de Viena, detalha métodos de pesquisa
e apresenta uma lista florística com as 1.031 espécies. Também é possível ver
informações na internet, na página www.hvasf.univasf.edu.br/livro.
Os pesquisadores
ressaltam, ainda, que ainda há muito para se descobrir sobre a flora das
Caatingas. As plantas desenvolvem mecanismos de adaptação que são ignoradas
pela ciência. Sendo assim, os autores do livro destacam que são necessários
esforço e dedicação para que o estágio do diagnóstico da diversidade biológica
seja superado pelos estudos voltados para as práticas de conservação. Nesta
direção, a Univasf criou o Centro de Referência para a Restauração de Áreas
Degradadas.
Recuperar a Caatinga
é uma tarefa árdua, requer conhecimento científico específico. Isso reforça a
importância de manter áreas nobres ainda intocadas. A equação é simples: é
muito mais fácil e barato manter a floresta em pé do que tentar reflorestar uma
região degradada. Por outro lado, sem o rigor acadêmico, empresas que são
obrigadas a replantar em determinadas áreas acabam fazendo as escolhas erradas,
como colocar grama de crescimento rápido e impacto visual, mas inadequada para
o meio ambiente.
Formatar um
conhecimento consolidado de como recuperar a Caatinga deverá ser um trabalho
para pesquisadores durante os próximos 30 anos. Um capítulo inteiro é dedicado
ao assunto: "Restauração ecológica da Caatinga: desafios e
oportunidades", assinado por Felipe Pimentel Lopes de Melo, do
Departamento de Botânica da Universidade Federal de Pernambuco; Fabiana de
Arantes Basso, do Centro de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas da
Caatinga, da Univasf; e Siqueira. Os autores expressam a urgência de melhorar a
relação do homem com o meio ambiente. É fundamental superar a tensão entre a
conservação dos recursos naturais com a crescente demanda por matéria-prima,
como lenha, carvão, água e energia. Em geral, as soluções imediatistas e sem
planejamento trazem enormes prejuízos econômicos, sociais e ambientais: os três
pilares da sustentabilidade.
O livro também pode
ser lido como uma exaltação ao bioma, incluindo a chamada cultura
'caatingueira' e a alma sertaneja, que não são deixadas de fora da edição. No
segundo capítulo, ("Viajantes naturalistas no Rio São Francisco"),
considerado pelo organizador do livro como o mais poético, Lorelai Brilhante
Kury, especialista da Fundação Oswaldo Cruz e da Uerj, faz um resgate histórico
e cultural das transformações ambientais.
As agressões ao
Velho Chico são históricas. O rio serviu com via de ocupação da região. Ricos e
pobres usam os recursos naturais como se fossem infinitos. Entre Petrolina e
Juazeiro, casas que valem cerca de R$ 500 mil contam com equipamentos
sofisticados, segurança de primeiro padrão e móveis caríssimos, mas a estrutura
sanitária é arcaica, contamina o lençol freático e o rio. Lanchas e motos
náuticas geram ruído e afugentam peixes. Quase não se vê reaproveitamento de
água ou o uso de fontes energéticas renováveis.
- A principal
contribuição do livro é chamar a atenção para a Caatinga. É o único bioma
exclusivo do Brasil, porém o menos conhecido. Seu personagem mais famoso é o
Rio São Francisco, que serviu de mote para o estudo de conservação da Caatinga
- frisa Felipe Melo, professor de ecologia da Universidade Federal de
Pernambuco e um dos pesquisadores envolvidos na coleta de informações que
constam do livro.
Mais do que apontar
problemas, os pesquisadores defendem a adoção de práticas sustentáveis. No
final de cada capítulo, eles apresentam medidas que poderiam mitigar impactos
social, ambiental e também econômico. Além disso, há preocupação com a difusão
das informações geradas. O Jardim Botânico do Rio de Janeiro, por exemplo,
também recebe parte do material coletado pelos cientistas. A instituição
carioca poderá montar uma estufa dedicada às plantas da Caatinga.
- É um desafio para
a sociedade garantir desenvolvimento econômico com sustentabilidade. Vamos
fazer outra Sobradinho? Não. As cidades que ficaram debaixo d'água por causa
dos represamentos do Rio São Francisco perderam histórias, vidas, sítios
arqueológicos inteiros - argumenta José Alves Siqueira. - Em síntese, posso
dizer que o caminho a ser seguido para viabilidade do São Francisco como modelo
de desenvolvimento para outras regiões é a base científica sólida. Investir em
recursos humanos, aporte de recursos financeiros para ciência, tecnologia e
educação básica.
Os diagnósticos
apresentados no livro, porém, têm prazo de validade. Os autores afirmam que são
necessárias intervenções imediatas pra tentar mudar em escala regional o
cenário de degradação. Além disso, sobram críticas em relação às discussões que
envolvem o novo código florestal. O organizador do livro sustenta que já há
conhecimento científico sólido em relação à necessidade mínima de 30 metros de
vegetação nas margens dos rios para a proteção da qualidade da água,
estabilização de encostas e prevenção a enchentes.
Dinheiro não falta.
Pelo contrário. Só as obras de transposição de águas, originariamente orçadas
em R$ 4,5 bilhões, deverão consumir cerca de R$ 10 bilhões. São recursos
federais que prometem melhorar a qualidade de vida na região. Não é o primeiro
grande investimento público da Caatinga. Porém, analisando a história,
pesquisadores não encontraram relação direta entre o gasto e o bem-estar para a
população.
Para quebrar a ideia
de que o setor público não consegue fazer trabalhos de qualidade, os
pesquisadores se esforçam para multiplicar o legado dos programas ambientais,
previstos nos investimentos que mudarão o curso de parte das águas do Rio São
Francisco.
Desde 2008, quando o
dinheiro começou a ser repassado para a universidade, foram criados o Centro de
Referência da Caatinga e novos laboratórios. A equipe conta com dez picapes com
tração nas quatro rodas para percorrer a região durante o monitoramento da
vegetação.
O trabalho de
formação de alunos se volta para o bioma local. Por exemplo, havia uma
dificuldade em achar veterinários que conhecessem os animais do bioma, como o
veado catingueiro. Até então, grande parte dos alunos da universidade só
entendia de cachorro e de gato.
- A obra (de
transposição da água do Rio São Francisco) acaba nos proporcionando os meios
para uma formação mais qualificada dentro da universidade. A demanda é grande,
falta gente especializada para trabalhar para nossa equipe. Contratamos pessoas
do Brasil inteiro - diz Siqueira. - A chave é procurar entender as
especificidades do bioma Caatinga, que, muitas vezes, chega a passar dez meses
na seca. Precisamos entender as adaptações da fauna e flora, assim como a
cultura.
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
CBHSF convoca colegiado para reunião ordinária, dia 27, em Brasília
A Presidência do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco convoca a todos os membros da Diretoria Colegiada para participar de reunião ordinária, no próximo dia 27/09, às 9hs, na sede da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano (SRHU) do Ministério do Meio Ambiente, em Brasília.
Para ofício de convocação, clique aqui.
Para ofício de convocação, clique aqui.
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
Curta-metragem chama a atenção para a questão do fogo na região do São Francisco
Larissa Malty como a "Velha do Carrado", em Piranhas/AL |
“Fogo Ardente, Água Corrente” será exibido na
sexta-feira, dia 21, às 10h, no auditório do Ibama/Sede; evento
terá lançamento de livro homônimo e bate-papo com autora, Larissa
Malty
A Velha do Cerrado caminha pelas margens do São
Francisco da nascente, no Planalto Central, até a foz, em Alagoas.
Durante a travessia, reflete sobre a relação das pessoas com o meio
onde vivem.
Esse é o tema do curta-metragem que Larissa Malty, analista
ambiental do Ministério do Meio Ambiente, criou para
chamar a atenção para o problema do fogo no Cerrado e também para a gestão
das águas nesse ecossistema.
Artista multimídia, Larissa aproveitou o tema da “velha
que conta histórias" para também escrever um livro homônimo, cujos
textos, segundo conta, foram surgindo durante as extensas filmagens
de campo, em 2011.
O curta-metragem de cerca 10 minutos tem passagens na
Estação Ecológica das Águas Emendadas, no Distrito Federal, onde
se localiza uma das nascentes do São Francisco; no Jardim Botânico
de Brasília, onde foram filmadas as cenas de queimadas; e no Velho Chico, nos municípios de Piranhas e Piaçabuçu, na calha do rio, em Alagoas.
A Velha do Carrado, em Penedo/AL |
Diversidade cultural: diversidade biológica –
Durante as gravações, Larissa conta que teve a grata
experiência de conhecer a diversidade cultural nas cidades às
margens do rio. (tesouro nacional, mas pouco lembrado
pelas operadoras de turismo interno). São séculos de histórias
narradas pelos repentes, pela arquitetura dos casarões e igrejas e pelos festejos tradicionais. “Trata-se de um patrimônio cultural muio
forte”, garante ela.
Outra riqueza que encheram os olhos da artista a diversidade biológica da bacia do
rio São Francisco. “Acompanhando a calha rio abaixo, você
encontra não só Cerrado e Caatinga, mas também Mata Atlântica e
outras florestas”, afirma.
E isso, segundo conta, não é por acaso: “diversidade
cultural e alta biodiversidade guardam relação direta – um coisa
está conectada à outra”, garante.
Esse, aliás, foi o tema da tese que defendeu no mestrado, em 2010, no Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS/UnB). Nessa época foi que surgiu a protagonista da história, a 'Velha do Cerrado'.
Curta teve tomadas desde a nascente à foz do rio São Franciso |
Um dia, quando se debruçava sobre os
materiais de pesquisa, a velha lhe apareceu e não saiu mais de sua
mente. Desde então, vem fecundando a produção de Larissa. Já rendeu um primeiro livro: “Alumeia – o
Cerrado que a Velha Conta”, editado em 2010, pela Editora LGE (veja
matéria aqui)”, e agora esse curta-metragem e o segundo livro.
E
tem mais: inquieta, Larissa tem planos para aprofundar sua pesquisa.
No mês que vem, embarca para Portugal, onde pretende dar continuidade ao
doutorado, estudando o paralelo entre a história cultural
do São Francisco e do Tejo – rio que corta a península Ibérica e que inspirou escritores com o Camões, Ferando Pessoa, josé Saramago e Cervantes.
Serviço – Para quem quiser assistir ao “Fogo Ardente, Água Corrente” na
telona, haverá uma sessão na sexta-feira, dia 21, às 10h, no auditório do Ibama/Sede. O curta tem roteiro da própria Larissa Malty, que também interpreta a "Velha do Cerrado". A direção é de Pablo Le
Roy. E a trilha sonora é de ninguém menos que Geraldo Azevedo em
parceira com Vavá Cunha.
Logo depois, a irriquieta
artista multimídia, arte-educadora e analista ambiental e velha do cerrado, Larissa Malty, vai participar de um bate-papo com a plateia. Quem não puder ir, o “Fogo Ardente, Água
Corrente” já está no YouTube, veja abaixo:
O livro “Fogo Ardente, Água Corrente” também está disponível para baixar, é só clicar aqui: http://www.4shared.com/folder/G7awIQ_H/_online.html
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
Coordenador do CRAD Caatinga lança livro sobre flora do São Francisco
![]() |
Projeto do livro contou com 99 co-autores |
O Blog
conversou ontem com o autor do livro, José Alves de Siqueira, professor e
pesquisador da Universidade Federal do Vale do São Francisco
(UNIVASF) e coordenador do Centro de Referência Para Recuperaçãode Áreas Degradadas da Caatinga (CRAD/UNIVASF).
Feliz com
o resultado da obra, José Alves contou que seu maior objetivo é
chamar a atenção para as Caatingas, “um dos ecossistemas
brasileiros menos conhecidos cientificamente”.
As
Caatingas, porque, segundo ele, diferentemente do que se acredita
esse bioma não é pobre e muito menos seco. Pelo contrário,
trata-se de um ecossistema heterogêneo. Suas características variam
de lugar pra lugar e apresentam acentuado endemismo (espécies de
ocorrências restritas).
O livro é
dividido em 13 capítulos, com mais de 400 ilustrações. Além do
inventário, conta a história do uso e da degradação da flora da
bacia ao longo dos séculos. Elenca as viagens dos naturalistas à
região. Suas descobertas e experiências. E não deixa de abordar a
questão indígena e quilombola.
No
momento José Alves se prepara para os vários lançamentos que o
livro terá. Veja abaixo:
- Recife, PE - 1º Conferência INCT, Park Hotel, (20/09/2012)
- Bahia - Campus UNIVASF, Juazeiro, (19/10/2012)
- RJ - Jardim Botânico do Rio de Janeiro, (10/11/2012)
- Joinville/SC - Congresso Nacional de Botânica (16/11/2012)
- Brasília, DF - Biblioteca Nacional, (dezembro, data a confirmar)
Prof. José Alves em uma das 212 expedições para inventariar flora
Blog - Como foi a idéia do livro?
José
Alves – Foi dentro das atividades do Centro de Referência Para
Recuperação de Áreas Degradadas da Caatinga (CRAD/UNIVASF),
financiado pelos Ministérios do Meio Ambiente e da Integração
Nacional. Tínhamos a responsabilidade de fazer a restauração do
levantamento da flora da região da bacia do rio São Francisco.
Fomos a
campo e percorremos 340 mil km (oito voltas na Terra), durante os
últimos quatro anos, para inventariar a flora. Ao todo foram 212 exepedições. Ao final, catalogamos
1.031 espécies de plantas, sendo mais de cem endêmicas da
bacia do São Francisco. Com esse
material todo na mão, não tivemos como não publicar um livro.
Blog – A flora da
região corre risco?
José
Alves – A região sofre por um forte processo de degradação.
A Caatinga é o bioma menos defendido do país. Apenas 1% de sua área está
protegida. Isso quer dizer que não assumimos nosso compromisso com
a Convenção da Biodiversidade, cuja a meta é proteger 10% desse
bioma.
Tivemos o cuidado de incluir na obra um diagnóstico de área prioritárias para a preservação.
Temos o Boqueirão da Onça, por exemplo, que é uma área de 820 mil hectares, localizada no norte da Bahia, cujo processo
para torná-la protegida se arrasta desde 2006 no Ministério do Meio
Ambiente.
Trata-se de uma região com um misto de vários biomas:
campos rupestres e até amazônico. Ali se encontra a última
população de onça pintada bem distribuída. O
projeto, no entanto, está parado, porque ali querem implantar
o maior parque eólico do país.
Boqueirão da Onça, área de 820 ha, indicada como prioritária para a preservação |
Blog – É viável
o uso sustentável da flora?
José
Alves – Sem dúvida. O livro
tem essa avaliação. No capítulo da “Restauração da Caatinga”,
apontamos possíveis caminhos. O manejo das
espécies é viável e necessário. Há várias espécies com
potenciais. O umbuzeiro e o licuri, por exemplo, são estratégicas
para o desenvolvimento da região. São como o Açaí e
Castanha-do-Brasil na Amazônia: podem conciliar atividades de larga escala
e distribuição de renda.
Só
que as atividades são ameaçadas pela introdução de espécies
invasoras com alto impacto na vegetação nativa. A criação
extensiva de caprinos, por exemplo, é um problema enorme. Só na bacia do são Francisco há cerca de 90 milhões de cabeças criadas soltas.
Quem se interessar
como pode adquirir o livro?
José
Alves – Vai ser vendido em
livrarias de todo o país. Quem tiver dificuldade é só entrar em
contato com o CRAD. Com Illeanna Lacerda. Telefone: (87) 2101-4823.
E-mail: crad@univasf.edu.br
----
CRAD - O Centro de Recuperação em Áreas Degradadas (CRAD) é um projeto considerado prioritário, de acordo com as diretrizes da Área Temática 3 - Proteção e Uso do Solo, do Programa de Revitalização do São Francisco apoiado desde 2007, pelos Ministérios do Meio Ambiente e da Integração Nacional.
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CRAD - O Centro de Recuperação em Áreas Degradadas (CRAD) é um projeto considerado prioritário, de acordo com as diretrizes da Área Temática 3 - Proteção e Uso do Solo, do Programa de Revitalização do São Francisco apoiado desde 2007, pelos Ministérios do Meio Ambiente e da Integração Nacional.
Dentre
os principais objetivos do mesmo destacam-se: as ações de
capacitação e mobilização de produtores rurais, a implantação
de modelos de recuperação florestal; as atividades de articulação
institucional; e o trabalho contínuo de promoção de intercâmbio
técnico e divulgação dos resultados.
terça-feira, 11 de setembro de 2012
MMA divulga resultados da seleção de boas práticas em Educação Ambiental na agricultura familiar
Território da Cidadania do Alto Jequitinhonha um dos projetos selecionados |
Quatro dessas experiências, estão localizadas na bacia do rio São Francisco. São elas:
Para conhecer a lista dos selecionados, clique aqui.
terça-feira, 4 de setembro de 2012
“Prioridade é expandir a representatividade do comitê”, diz novo presidente
![]() |
Presidente Anivaldo Miranda (seg à esq) em reunião com equipe do dep de Bacias Hidrográficas do Ministério do Meio Ambiente |
O
novo presidente do comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São
Francisco, Anivaldo Miranda, acaba de assumir um mandato
tampão até o final de 2013. Sua meta principal será agregar
mais representatividade ao comitê, que já teve 1,3 mil organizações
participantes, mas hoje são cerca de 300.
Ele
esteve em Brasília na semana passada para as primeiras reuniões com
a equipe do Ministério do Meio Ambiente e da Agência Nacional das
Águas (ANA). Na pauta com o MMA, em reunião com o diretor
substituto do Departamento de Revitalização de Bacias, Renato
Saraiva Ferreira, o presidente discutiu a retomada dos projetos da
revitalização da bacia do rio São Francisco. Para ele, “é hora
de retomar o diálogo”.
Depois da
reunião, Anivaldo conversou com o blog sobre seus principais
projetos na sua gestão. Militante ambiental, Anivaldo diz que tem
muitos compromissos, justamento por causa disso, garante que não
será candidato à próxima gestão.
Blog –
Quais as prioridades do seu mandato?
Anivaldo Miranda – De imediato estou trabalhando na elaboração da
minuta do Plano Plurianual de Aplicação (PPA) dos recursos
provenientes da cobrança pelo uso da água da bacia. No dia 28 de
novembro, vai haver nossa plenária de fim de ano em Penedo/AL,
quando a minuta do PPA será apresentada, debatida e aprovada.
Mas a principal meta dessa gestão é expandir a representatividade
do comitê, principalmente visando a um maior colégio eleitoral nas
eleições do final de 2013. Ainda hoje, há partes da bacia que
desconhecem nosso trabalho.
Blog –
Quais os principais problemas que o comitê enfrenta atualmente?
É preciso reforçar os segmentos internos dentro do comitê. Os
segmentos dos usuários e da sociedade civil, por exemplo, precisam
estar mais bem representados.
Outra frente é atrair uma maior atenção do poder público - tanto
dos municípios, dos estados, como também do poder federal, com o
qual aliás o diálogo ficou abandonado. Afinal de contas o comitê é
um lugar onde todas as discussões devem acontecer. É o parlamento
das águas.
Blog -
Como está o diálogo com os governos?
Anivaldo Miranda – Precisamos retomá-lo. Não só com os estados e
municípios, mas também com os ministérios. Principalmente o MMA,
dentro do contexto do programa de Revitalização
do Rio São Francisco. É necessário que acertemos as regras
do jogo, porque, se cada um trabalhar isoladamente, não haverá
sinergia para combater as principais questões.
No entanto, para termos condições de abri esses diálogos será
preciso reestruturar o comitê
gestor do Programa de Revitalização do São Francisco. Se
queremos sinergia, se queremos transversalidade, o comitê gestor tem
de ser reestruturado.
Blog –
Há falta de recursos para o comitê?
Anivaldo Miranda – A gente nunca diz que recursos são
satisfatórios, mas atualmente dá pra dizer que o montante
disponível é suficiente para iniciar os trabalhos do comitê. Até
porque ele tem um grande espectro de aplicação, mas no que diz
respeito a projetos, vamos nos esforçar para financiar projetos que
sejam demonstrativos, cujo exemplo possa ser replicados. Vamos atrair
parcerias para que nosso recurso seja indutor de outros
investimentos.
Esses recursos serão importantes para atividades de educação
ambiental, pequenos projetos de geração de renda e de recuperação
hidroambiental, que em geral, não fazem parte da ótica das grandes
corporações, nem ministérios.
Blog –
Haverá investimentos em pesquisas?
Anivaldo Miranda – Sim, pretendemos. Não temos capacidade de
investir em pesquisa de longa maturação, mas podemos oferecer
contrapartidas para estudos específicos. Por exemplo, um estudo que
já foi iniciado no comitê é a conceituação do que seja vasão
ecológica – termo sem definição precisa, mas importante para o
pacto das águas.
Outra pesquisa importante seria as possibilidades da reintrodução
do pitu, espécie em extinção no Baixo São Francisco. Essa
possibilidade seria uma boa opção estratégica para o
desenvolvimento econômico e social da região.
Blog –
Como o senhor vê as revindicações das populações tradicionais da
bacia?
Anivaldo
Miranda – O comitê leva isso em grande consideração. Temos uma
câmara técnica dentro do comitê para tratar exclusivamente de
indígenas, quilombolas e outros segmentos que não têm muita
representatividade. Os recursos do comitê, inclusive servem para
atendê-los também.
Já tem uma reunião marcada em Brasília, no dia 19 de setembro, que
vai tratar de algumas questões que essas populações têm levantado
sobre as legislações.
Blog
– O senhor vai ser candidato na próxima legislatura?
Anivaldo Miranda – Veja bem:
sou presidente, mas não fiz campanha. Atendi a um chamamento e fui
eleito por unanimidade. (Talvez tenham lembrado do meu nome porque já
fui diretor-executivo do comitê.) Mas meu objetivo é conduzir esse
colegiado a uma sucessão vitoriosa no final de 2013.
Tenho uma série de outros
compromissos, inclusive minha militância na área ambiental.
Sinceramente, não pretendo continuar.
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