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Projeto do livro contou com 99 co-autores |
O Blog
conversou ontem com o autor do livro, José Alves de Siqueira, professor e
pesquisador da Universidade Federal do Vale do São Francisco
(UNIVASF) e coordenador do Centro de Referência Para Recuperaçãode Áreas Degradadas da Caatinga (CRAD/UNIVASF).
Feliz com
o resultado da obra, José Alves contou que seu maior objetivo é
chamar a atenção para as Caatingas, “um dos ecossistemas
brasileiros menos conhecidos cientificamente”.
As
Caatingas, porque, segundo ele, diferentemente do que se acredita
esse bioma não é pobre e muito menos seco. Pelo contrário,
trata-se de um ecossistema heterogêneo. Suas características variam
de lugar pra lugar e apresentam acentuado endemismo (espécies de
ocorrências restritas).
O livro é
dividido em 13 capítulos, com mais de 400 ilustrações. Além do
inventário, conta a história do uso e da degradação da flora da
bacia ao longo dos séculos. Elenca as viagens dos naturalistas à
região. Suas descobertas e experiências. E não deixa de abordar a
questão indígena e quilombola.
No
momento José Alves se prepara para os vários lançamentos que o
livro terá. Veja abaixo:
- Recife, PE - 1º Conferência INCT, Park Hotel, (20/09/2012)
- Bahia - Campus UNIVASF, Juazeiro, (19/10/2012)
- RJ - Jardim Botânico do Rio de Janeiro, (10/11/2012)
- Joinville/SC - Congresso Nacional de Botânica (16/11/2012)
- Brasília, DF - Biblioteca Nacional, (dezembro, data a confirmar)
Prof. José Alves em uma das 212 expedições para inventariar flora
Blog - Como foi a idéia do livro?
José
Alves – Foi dentro das atividades do Centro de Referência Para
Recuperação de Áreas Degradadas da Caatinga (CRAD/UNIVASF),
financiado pelos Ministérios do Meio Ambiente e da Integração
Nacional. Tínhamos a responsabilidade de fazer a restauração do
levantamento da flora da região da bacia do rio São Francisco.
Fomos a
campo e percorremos 340 mil km (oito voltas na Terra), durante os
últimos quatro anos, para inventariar a flora. Ao todo foram 212 exepedições. Ao final, catalogamos
1.031 espécies de plantas, sendo mais de cem endêmicas da
bacia do São Francisco. Com esse
material todo na mão, não tivemos como não publicar um livro.
Blog – A flora da
região corre risco?
José
Alves – A região sofre por um forte processo de degradação.
A Caatinga é o bioma menos defendido do país. Apenas 1% de sua área está
protegida. Isso quer dizer que não assumimos nosso compromisso com
a Convenção da Biodiversidade, cuja a meta é proteger 10% desse
bioma.
Tivemos o cuidado de incluir na obra um diagnóstico de área prioritárias para a preservação.
Temos o Boqueirão da Onça, por exemplo, que é uma área de 820 mil hectares, localizada no norte da Bahia, cujo processo
para torná-la protegida se arrasta desde 2006 no Ministério do Meio
Ambiente.
Trata-se de uma região com um misto de vários biomas:
campos rupestres e até amazônico. Ali se encontra a última
população de onça pintada bem distribuída. O
projeto, no entanto, está parado, porque ali querem implantar
o maior parque eólico do país.
Boqueirão da Onça, área de 820 ha, indicada como prioritária para a preservação |
Blog – É viável
o uso sustentável da flora?
José
Alves – Sem dúvida. O livro
tem essa avaliação. No capítulo da “Restauração da Caatinga”,
apontamos possíveis caminhos. O manejo das
espécies é viável e necessário. Há várias espécies com
potenciais. O umbuzeiro e o licuri, por exemplo, são estratégicas
para o desenvolvimento da região. São como o Açaí e
Castanha-do-Brasil na Amazônia: podem conciliar atividades de larga escala
e distribuição de renda.
Só
que as atividades são ameaçadas pela introdução de espécies
invasoras com alto impacto na vegetação nativa. A criação
extensiva de caprinos, por exemplo, é um problema enorme. Só na bacia do são Francisco há cerca de 90 milhões de cabeças criadas soltas.
Quem se interessar
como pode adquirir o livro?
José
Alves – Vai ser vendido em
livrarias de todo o país. Quem tiver dificuldade é só entrar em
contato com o CRAD. Com Illeanna Lacerda. Telefone: (87) 2101-4823.
E-mail: crad@univasf.edu.br
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CRAD - O Centro de Recuperação em Áreas Degradadas (CRAD) é um projeto considerado prioritário, de acordo com as diretrizes da Área Temática 3 - Proteção e Uso do Solo, do Programa de Revitalização do São Francisco apoiado desde 2007, pelos Ministérios do Meio Ambiente e da Integração Nacional.
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CRAD - O Centro de Recuperação em Áreas Degradadas (CRAD) é um projeto considerado prioritário, de acordo com as diretrizes da Área Temática 3 - Proteção e Uso do Solo, do Programa de Revitalização do São Francisco apoiado desde 2007, pelos Ministérios do Meio Ambiente e da Integração Nacional.
Dentre
os principais objetivos do mesmo destacam-se: as ações de
capacitação e mobilização de produtores rurais, a implantação
de modelos de recuperação florestal; as atividades de articulação
institucional; e o trabalho contínuo de promoção de intercâmbio
técnico e divulgação dos resultados.
Um comentário:
Tenho certeza de que essa obra será uma importante referência para os estudos sobre a flora da Caatinga. Parabéns e sucesso sempre!
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