terça-feira, 16 de outubro de 2007

Bacia do São Francisco ganha primeira unidade de conservação

A região do submédio São Francisco acaba de receber a primeira Unidade de Conservação da bacia do rio São Francisco. Trata-se da Flona Negreiros, localizada em Serrita (PE), área com 3 mil hectares, destinada à conservação da biodiversidade, ao fomento do desenvolvimento sustentável da Caatinga e à capacitação de produtores rurais. "A Flona servirá de Centro de Capacitação para que os proprietários utilizem técnicas de manejo florestal de forma a atender às demandas do pólo gesseiro sem causar impactos ao meio ambiente", explica o técnico do Departamento de Áreas Protegidas do Ministério do Meio Ambiente, João Carlos Costa Oliveira.

A área possui 46% de cobertura florestal e 54% de agricultura e pasto e se constituirá como Centro de Referência para difundir boas práticas ambientais, como as desenvolvidas pela Rede de Manejo Florestal Sustentável, formada por universidades, institutos de pesquisa e órgãos governamentais da região, cuja principal função é estudar a utilização da Caatinga sem ocasionar a sua degradação.

Dentre essas iniciativas, constata-se técnicas que permitem a utilização da vegetação e, em seguida, a sua regeneração natural. Uma delas, é o manejo seletivo, que consiste em dividir a área em lotes e utilizar um de cada vez, permitindo que o mesmo se restitua ao longo de 15 anos. Outras técnicas empregadas são a do manejo seletivo, onde se preserva espécies como as árvores forrageiras e as plantas medicinais, e da talhadia simples, que consiste em cortar a vegetação deixando pequenos tocos.

Para o engenheiro florestal do Ibama, Francisco Barreto Campelo, cerca de 90% das árvores são recompostas por meio do emprego desta última técnica, contribuindo, ainda, para a conservação da biodiversidade florestal. "Para se garantir o uso dos recursos naturais de forma sustentável é fundamental que os produtores rurais adquiram em suas práticas ações que conservem o solo, não provoquem queimadas sob nenhuma hipótese e permitam a rebrota da vegetação", explica Campelo.

Indústria do gesso - A região do Araripe, sub-bacia do Brígida, há 40 anos vem se efetivando como o maior pólo gesseiro da América Latina. Para isso, o governo do estado vem investindo, principalmente no aperfeiçoamento tecnológico, resultando em preocupação para os ambientalistas, uma vez que toda atividade desorganizada ou sem planejamento configura-se como um perigo para o equilíbrio ambiental.

Para se ter uma idéia dos danos causados pela indústria gesseira na região, dos 2 milhões de lenha que são necessários por ano, 1,5 milhão destina-se à referida atividade. Outra parcela é consumida pela produção de farinha e queijo. A criação animal também é determinante no impacto ambiental. Prevê-se que cada cabeça de gado ou caprino deva abranger uma área de 10 hectares, caso contrário, tem-se problemas de compactação do solo, determinados pela erosão e, conseqüentemente, pela desertificação.

Outros projetos - Importantes projetos vêm se consolidando em Pernambuco buscando a conservação da Caatinga como o Projeto Conservação e Uso Sustentável da Caatinga, da Secretaria de Biodiversidade e Florestas do MMA, por meio do Programa Nacional de Florestas; o Mata Nativa, do Ibama, em parceria com a Secretaria de Recursos Hídricos, por meio do Programa de Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, e o Semaflor também do Ibama.

"O Ministério do Meio Ambiente e o Ibama vêm buscando em parceria com o Sebrae qualificar a indústria do gesso para uma melhor eficiência ambiental, dentro dos mecanismos de desenvolvimento limpo, que visa a redução das emissões de gases e empresas mais adequadas do ponto de vista ambiental", conclui Campelo. (MMA)

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