O barco-museu
No Balanço das Águas, que realizou no último dezembro o projeto “Cinema
no Balanço das Águas - Segunda Edição”, nos povoados sertanejos de Ilha
do Ferro (município de Pão de Açúcar) e Entremontes (Piranhas), retorna
ao rio São Francisco com um novo programa de arte popular,
intitulado “Arte no Balanço das Águas”. Desta vez, o barco, que tem o
nome de Santa Maria, aportando novamente na Ilha do Ferro, levará a
bordo o artista pernambucano José Francisco da Cunha Filho, o mestre
Cunha (como é conhecido não somente no Nordeste, mas em todo o Brasil),
para conduzir uma oficina de brinquedos populares destinada a jovens de
Pão de Açúcar, especialmente a juventude do conhecido povoado
ribeirinho. A oficina acontece no próximo final de semana, dias 26 e 27,
para um público na faixa etária dos 19 aos 29 anos.
“Mestre Cunha é um artista importante e temos um prazer e uma alegria
muito grande em tê-lo na nossa coleção”, diz a coordenadora do projeto
patrocinado pela Funarte, a artista visual Maria Amélia Vieira – que,
juntamente com o marido, o também artista visual Dalton Costa,
administra o museu Coleção Karandash, responsável por esta e outras iniciativas culturais em diversas comunidades localizadas às margens do rio São Francisco.
“Além de artista criativo, irreverente, com obras significativas no
mundo das artes visuais do nosso país, J. Cunha, ou Mestre Cunha,
ministra essas oficinas de brinquedos para jovens e adultos em vários
estados brasileiros”, informa Maria Amélia.
J. Cunha nasceu em Ipojuca, no estado de Pernambuco, residindo
atualmente em outro município pernambucano, Jaboatão dos Guararapes.
Suas obras geralmente são brinquedos (caminhões, navios e aviões com
caras de bichos), confeccionados em madeira, arame, vidro, espelho,
garrafa pet, prego, massa de modelar e tinta a óleo. Embora esse
trabalho o identifique como artesão, as peças de Mestre Cunha vão além
da função utilitária do brinquedo, apresentando-se como obras de arte.
Ele próprio reconhece isto quando diz que nem todo brinquedo seu é
destinado às crianças.
“O cavalo-de-pau e o avião Macau são para meninos e meninas. O resto é
para adulto mesmo”, afirma, demarcando sua identidade artística. “Todas
as minhas peças têm nome. Tem o avião Macau; o Camelauro; o Inaudito,
que é um dinossauro de pescoço muito grande; o Centrauro [sic], bicho
metade homem e metade cavalo...”
A oficina de brinquedos populares é gratuita e as inscrições ainda estão
abertas. Uma exposição com obras da Coleção Karandash, incluindo
trabalhos de Mestre Cunha, será aberta à visitação no próprio barco, que
também exibirá filmes e documentários sobre arte popular. O projeto
“Arte no Balanço das Águas” foi contemplado pelo edital da Funarte
“Micro Projetos do Rio São Francisco”.
Fonte: Agência Alagoas
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