segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Proliferação de algas azuis no São Francisco começou em setembro

Desde o início de setembro parte do Rio São Francisco sofre com a proliferação de cianoalgas, ou algas azuis. São espécies, que apesar de fazer parte da fauna aquática, se desenvolvem rapidamente em determinadas condições – poluição e variações climáticas, por exemplo – e podem liberar toxinas que contaminam a água e a carne dos peixes.

“A poluição é um problema recorrente da região porque o Rio das Velhas (um dos principais afluentes do São Francisco) drena a região metropolitana de Belo Horizonte, que é a área mais densamente povoada da Bacia do São Francisco”, aponta o professor e pesquisador da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais Alexandre Godinho. Por conta do ecesso de algas, o governo do estado proibiu a pesca em 600 quilômetros da bacia, de 16 a 31 de outubro.

Apesar de reconhecer o lançamento direto de esgoto nos rios, o chefe do laboratório central da Copasa - Companhia de Saneamento de Minas Gerais, Aires Horta, atribui a proliferação das algas principalmente a fatores climáticos. “O longo período de estiagem que nós tivemos esse ano, com falta de chuva, e, conseqüentemente, nível mais baixo dos rios e água muito límpida foi o fator principal para o desenvolvimento desses organismos”, enumera.

“Se fosse só o clima, como eles argumentam, outros rios também estariam contaminados. Isso se concentrou no (Rio das) Velhas por causa dos elevadíssimos índices de poluição”, aponta o representante da Comissão Pastoral da Terra que atua em comunidades do São Francisco, Alexandre Gonçalves.

Na avaliação de Alexandre Godinho, além dos impactos imediatos, a poluição na Bacia do São Francisco também acarreta prejuízos a longo prazo. De acordo com o pesquisador, a degradação do hábitat dos peixes atrapalha a piracema – período de reprodução. “Não só dificulta a etapa da reprodução, como a sobrevivência dos filhotes, o que diminui a abundância dos peixes. Com a redução do pescado, há a conseqüente diminuição da renda dos pescadores e da economia local”, aponta.

Por causa do alta concentração de toxinas na água, o governo mineiro chegou a proibir a pesca em trechos do Rio das Velhas e do São Francisco. A expectativa da autoridades é que a situação dos rios melhore com a chegada do período chuvoso. “O início das chuvas na região metropolitana de Belo Horizonte já começou a ter reflexos lá [nos rios]. A tendência é que a situação volte ao normal em menos de um mês”, avalia o representante da Copasa.

O representante do Sisema - Sistema Estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais, Paulo Carvalho, reconhece que esperar a chuva resolver o problema é apenas uma solução emergencial. “Estamos vigilantes em relação a agressões ambientais”, afirmou. Segundo Carvalho, o governo mineiro está investindo em medidas “de longo prazo”, como a construção de estações de tratamento de esgoto e de gerenciamento de resíduos sólidos. (Agência Brasil)

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